Terapias

Aprender a gostar de si

Deus ama-nos tal como somos. Da mesma forma que uma mãe e um pai amam os seus filhos, independentemente dos defeitos que possam ter, aos olhos de Deus todos somos perfeitos. O nosso Pai Supremo sabe que estamos a fazer o melhor que podemos e que sabemos segundo as circunstâncias. E isso é o mais importante, é isso que nos torna dignos e merecedores de todo o amor e de toda a aceitação.

Para aprender a gostar de si, olhe para si sem se julgar, com generosidade. Esqueça os juízos de valor que lhe foram incutidos pelos seus pais ou pelas pessoas que acompanharam a sua formação como ser humano. Se lhe disseram, quando era criança, que nunca ia ser ninguém na vida, perdoe a essa pessoa, mesmo que fosse o seu pai ou a sua mãe, e compreenda que essa era apenas e só a opinião dele ou dela. Embora muitas vezes as pessoas de cuja aprovação mais precisamos sejam aquelas que mais cruelmente nos julgam, é muito importante, para podermos aprender a desenvolver o amor-próprio, tomarmos consciência que ninguém tem o poder de decidir aquilo que a nossa vida efectivamente é ou pode ser, além de nós próprios. Só você tem o poder e a legitimidade para decidir a sua vida e para ser a pessoa que é.

Aprenda a dizer «não» a tudo aquilo que NÃO lhe faz bem, e NÃO se sinta culpado por isso. Ser feliz é um direito de qualquer ser humano, e aceitar algo ou manter alguma coisa que o incomoda ou faz sofrer para agradar a outras pessoas não lhe faz bem.

Gostar de nós próprios passa também, e muito, por termos à nossa volta pessoas boas, que gostam de nós e de quem gostamos. Estar perto de pessoas confiantes e bem-dispostas tem um efeito mágico, conseguindo pôr-nos também a nós com um sorriso nos lábios. Por outro lado, ao estarmos rodeados de pessoas pessimistas, que nos sugam a energia e com quem acabamos sempre por nos sentir também deprimidos, torna-se mais difícil adoptar uma postura positiva e gostar de nós. Por mais que goste de alguém, não sofra por essa pessoa. Procure incentivá-la a ser mais confiante e feliz, mas não fique preso às suas dores, ou será o leitor a ser puxado para baixo. Ajude, ofereça apoio para que também ela seja mais feliz, mas recuse-se a alimentar o seu derrotismo. Saiba quando deve afastar-se, reconheça até onde pode ir sem ser prejudicado pela postura negativa alheia.

Lembro-me do episódio que uma pessoa certa vez me contou. Sentia-se culpado porque tinha descarregado na mulher a raiva com que tinha ido para casa, por um colega seu ter despejado nele a sua fúria, depois de o patrão o ter humilhado. A mulher dele, que ficou irritada, perdeu a paciência com o filho de 7 anos, que havia chegado da escola eufórico porque tinha tido uma boa nota. Ao ver o filho a chorar por se sentir injustiçado, este homem caiu em si e percebeu que a negatividade actua em cadeia: o patrão havia maltratado o seu colega, que descarregou nele por não poder responder ao patrão, ele por sua vez descarregou na mulher, que acabou por descarregar no filho, que apenas queria partilhar o seu êxito com os pais, mas estes estavam demasiado ocupados com o azedume desse dia e não tiveram disposição para ouvir.

Todos nós estamos interligados numa cadeia, quer tenhamos consciência disso quer não, e as acções de uma pessoa têm consequências que a própria não pode prever. Neste episódio que lhe contei, quando um dos elos da cadeia, em vez de alimentar a negatividade, escolher quebrá-la, usando o poder de um sorriso, do bom humor, da frontalidade e da verdade, o acto negativo, em vez de se multiplicar, fica isolado. Assim, quando o primeiro funcionário que foi maltratado, em vez de descarregar no colega, tivesse tido a generosidade e a frontalidade de responder calmamente ao patrão que não tinha razão para o tratar assim, mas que compreendia que ele terá tido as suas razões, ou que talvez estivesse a ter um dia mau, e reagisse com calma e um sorriso, esse ciclo interromper-se-ia. A atitude de pensar para consigo «está a ter um dia mau, aquilo que me disse não é merecido e como tal não vou dar importância» e de se libertar de imediato de qualquer sentimento de revolta ou rancor apazigua os ânimos e impede a energia negativa de se difundir.

É muito importante ter consciência deste efeito dominó, que acontece com uma frequência muito maior do que se imagina. Cada acto é isolado, mas está interligado com todos, devemos resistir à tentação fácil de descarregar numa pessoa aquilo que outra nos provocou. Para o fazer, há três passos essenciais: aceitar, perdoar e esquecer.

Dica positiva: Aprenda a ter um discurso positivo a respeito de si próprio, centrando-se nas suas qualidades e nos seus pontos positivos.

Crie o hábito de apontar, diariamente, três aspectos positivos da sua personalidade, ou de tomar nota de três coisas positivas que fez nesse dia, como, por exemplo, «Ajudei a minha colega a realizar aquela tarefa importante. Sou atencioso, generoso e bom colega», ou «Telefonei à minha sogra e ouvi-a com atenção, apesar de às vezes me irritar, fiz um esforço e consegui manter-me calmo. Sou ponderado e esforçado». Ao habituar o seu cérebro a processar informações positivas a seu respeito, aprenderá a valorizar-se, em vez de estar constantemente a autocriticar-se. Mesmo que de início lhe pareça difícil, pois estamos habituados, não a elogiar-nos, antes a recriminar-nos e a ver-nos de forma depreciativa, não desista. A sua perseverança será recompensada, e com o tempo adquirirá uma nova forma de se ver a si próprio, aprendendo a gostar de si.

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