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Chega de bullying!

É um dos temas da atualidade, mas pelos piores motivos! O bullying veio para ficar e há que criar a melhor forma para que ele não entre na sua casa.  Proteja-se a si e à sua família de uma tendência emergente.

 

“O Carlos sempre foi uma criança extrovertida, mas de repente mudou sem razão aparente”, conta Natália Sousa. Mãe de 3 adolescentes, não consegue esconder a dor que está a sentir ao ver o seu filho do meio angustiado e infeliz, chegando mesmo a colocar em causa o seu papel como mãe: “Não sei onde é que eu errei. O Carlos era a alegria em pessoa, responsável, amigo da família e dos amigos. A professora primária sempre o elogiou pela sua inteligência e pelo seu desempenho escolar e cá em casa não tínhamos dúvidas que tal se devia ao esforço dele. A mudança de escola e a entrada no secundário veio mudar um pouco o rumo dos acontecimentos. Ao início, ele chegava e queixava-se que os colegas o chamavam de “totó” e “caixa de óculos”, mas nós achámos que era apenas a adaptação. Depois começámos a notar que ele inventava desculpas e doenças para não ir às aulas, as negativas começaram a surgir e o olhar dele mudou. Puxei por ele, mas nada, até que um dia apareceu em casa com um olho negro. Alegou ter sido uma distração da parte dele, mas eu conheço o meu filho… entendi que me estava a mentir! Foi aí que admitiu que tinha sido esbofeteado e pontapeado pelos colegas e que, há vários dias, tem vindo a ser maltratado sem razão nenhuma. Fiquei aterrorizada e apercebi-me de imediato que, afinal, estas coisas podem acontecer a todos nós e não apenas aos outros!”

Este é um dos inúmeros casos que, infelizmente, fazem parte da sociedade de hoje. Muitos são tornados públicos, mas acredita-se que a taxa é bem superior porque existem outros tantos que são deixados ao acaso. Uma realidade emergente um pouco por todo o mundo e onde Portugal não foge à regra. Por isso, é imperativo inteirar-se do problema e encontrar a melhor forma para proteger a sua família desta realidade. Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje!

 

Como o identificamos

O bullying é a expressão utilizada atualmente para descrever os atos de violência física ou psicológica intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia e sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. Trata-se nada mais nada menos do que uma forma de assédio de alguém que se sente em posição superior ao lesado, podendo incluir violência mental, psicológica e física. De acordo com estudos efetuados, existem 2 tipos de bullying: o direto que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e o indireto ou agressão social que é mais usual no sexo feminino e crianças pequenas e é caracterizado por forçar a vítima ao isolamento social.

Apesar deste tipo de incidentes poder ser verificado nos locais de trabalho e no dia-a-dia dos adultos, é nas escolas que mais se verifica esta tendência. Devido a esse fato, é bastante importante que esteja atenta aos sinais e aos comportamentos dos seus educandos para que, em caso de serem vítimas destes problemas, possa resolver o quanto antes. É importante, acima de tudo, saber ouvir os seus filhos, avaliar as situações e agir com ajuda dos especialistas (médicos, psicólogos e professores) visto que este tipo de marginalização pode deixar sequelas para muitos anos, senão para toda a vida.

 

Tipos de assédio escolar

Muitas são as notícias que os meios de comunicação social vão passando para que as pessoas se consciencializem que esta realidade existe e que deve ser banida para o bem de todos. As causas para este comportamento não existem; existe sim uma forma gratuita de causar o pânico nos alvos considerados a abater. Os bullies, como são apelidados os praticantes, usam principalmente uma combinação de intimidação e humilhação para atormentar os outros. Deixamos-lhe aqui alguns exemplos das técnicas de assédio escolar:

·        insultar a vítima;

·        acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada;

·        ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade.

·        interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros, roupas, etc., danificando-os.

·        espalhar rumores negativos sobre a vítima;

·        depreciar a vítima sem qualquer motivo;

·        fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando-a para seguir as ordens;

·        colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade) ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu;

·        fazer comentários depreciativos sobre a família (particularmente a mãe), o local onde mora, a aparência pessoal, a orientação sexual, a religião, a etnia ou nacionalidade;

·        isolamento social da vítima;

·        usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas, comunidades ou perfis sobre a vítima em sites de relacionamento com publicação de fotos etc.);

·        chantagem e expressões ameaçadoras;

·        fazer que a vítima passe vergonha na frente de várias pessoas.

 

O que há a fazer?

Assim que detetar que o seu filho está a ser vítima de bullying, é importante arregaçar as mangas e fazer todos os esforços para que tudo regresse aquilo que sempre foi. Dialogue com a criança ou adolescente, mostre-lhe que está do seu lado e convença-o que o acompanhamento médico é crucial para o seu bem-estar, em especial psíquico.

Por outro lado, informe a escola e os professores do que se está a passar. Os professores devem lidar e resolver efetivamente os casos de bullying, enquanto as escolas devem aperfeiçoar as suas técnicas de intervenção e providenciar a cooperação de outras instituições, tais como os centros de saúde e redes de apoio social.

Tenha apenas em atenção que este poderá ser um problema com uma durabilidade superior ao desejado. As mazelas, os medos e falta de autoestima podem acompanhar a vítima por algum tempo. Não baixe os braços, mantenha-se o mais presente possível e faça do seu carinho e atenção a melhor e mais eficaz arma para aniquilar de vez com este incidente. Traga o seu filho de volta!

 

Bullying professor-aluno

Infelizmente já temos vindo a ter conhecimento de alguns casos de bullying entre professor e aluno. As técnicas mais comuns são:

·         avaliações abaixo da média ou ameaças de reprovação;

·        intimidar o aluno em voz alta rebaixando-o perante a turma, ofendendo a sua autoestima e expondo-o à humilhação;

·        negar ao aluno o direito de ir à casa de banho ou beber água, expondo-o a tortura psicológica;

·        difamar o aluno no conselho de professores, aos coordenadores e acusá-lo de atos que não cometeu;

·        tortura física, tais como puxões de orelhas ou bofetadas.

 

Outros tipos de bullying

Mesmo não sendo muito divulgados, não devemos deixar de dar importância a outros casos de bullying. Entre eles no local de trabalho, na tropa ou em serviço militar, na política e ainda na relação com idosos.  Esta última incidência tem vindo a ganhar proporções preocupantes, visto que a terceira idade é por vezes delegada para segundo plano ou mesmo deixada ao abandono. Mesmo que não seja nenhum familiar seu ou conhecido a sofrer de bullying, saiba que a sua função enquanto cidadão é tornar sempre público esse comportamento abusivo.

 

Indicadores de risco de uma vítima de bullying:

·        enurese noturna (urinar na cama);

·        distúrbios do sono;

·        problemas de estômago;

·        dores e marcas de ferimentos;

·        síndrome do intestino irritável;

·        transtornos alimentares;

·        isolamento social;

·        tentativas de suicídio;

·        irritabilidade e/ou agressividade;

·        transtornos de ansiedade;

·        depressão maior;

·        relatos de medo regulares;

·        resistência e/ou aversão a ir à escola, ao trabalho ou de sair à rua;

·        demonstrações constantes de tristeza;

·        mau rendimento escolar;

·        atos deliberados de autoagressão.

 

Ensino doméstico é a solução?

A opção do ensino doméstico é cada vez mais uma realidade. Na verdade, é um regresso ao passado e os pais optam por esta alternativa com mais frequência do que se esperava. Em vez de inscreverem os filhos nas escolas, optam por lecioná-los em casa eles próprios ou com a ajuda de um professor particular. Este tipo de alternativa ao ensino é legal e apenas é obrigatória a avaliação do educando nas provas nacionais estipuladas para o ensino convencional, nas devidas alturas e com prévia inscrição. Defendida por uns, criticada por outros, esta decisão pelo ensino doméstico tem pós e contras. Ao mesmo tempo que se protegem os educandos dos “perigos” da sociedade, corre-se o risco de torná-los demasiado individualistas e solitários. De uma forma ou de outra, e visto a lei proteger ambas as opções, cabe a si como encarregada de educação escolher o que acha ser melhor para os seus.

 

Métodos de defesa:

·         Transpire confiança: olhar nos olhos, levantar a cabeça e andar seguro funciona como um amuleto para quem nos quer amedrontar;

·         Exiba uma imagem feliz e positiva e mantenha a higiene em dia;

·         Tenha apoio dos seus amigos, visto que se andar sempre acompanhado, terá menos hipóteses de ser vitimizado;

·         Aprenda a defender-se e revele personalidade;

·         Experimente ter aulas de autodefesa;

·         Acredite em si mesmo;

·         Evite locais de perigo;

·         Mantenha-se fiel aos seus princípios e aquilo que acredita;

·         Evite passar a imagem que está receoso ou amedrontado;

·         Em caso de vítima, jamais se culpe pelo sucedido;

·         Se for abordado pelas redes sociais, evite dar resposta ou dar-se a conhecer. Opte sim por bloquear quem acha que é nocivo e coloque o seu perfil privado a desconhecidos.

Este texto foi retirado da revista Estrela Guia n. 30:

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