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O amor depois da traição

No que respeita à infidelidade a pergunta que se impõe é "até que ponto é possível perdoar uma traição"? Leia os testemunhos de pessoas que passaram pela situação, como reagiram e o que mudou nas suas vidas e na forma de viver o amor.

 

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades já dizia Camões, e na verdade, a forma de viver o amor e as relações mudou muito nos últimos anos. Se antigamente a traição era cometida maioritariamente pelo homem e era aceite pela sociedade e encarada como um sinal de masculinidade, já para as mulheres as coisas funcionavam de forma diferente, pois a mulher via a sua reputação na lama e até podia ficar impedida de ver os filhos. Com a passagem dos anos as mulheres tornaram-se independentes financeiramente do homem e também se emanciparam nas questões do amor e hoje em dia já não se sujeitam a tudo o que eles querem. Mas uma grande maioria, sobretudo as mulheres das gerações mais velhas, ainda perdoam as traições dos maridos.

 

Amor sem regras

Vivemos na era do amor livre: relações abertas, amizades coloridas, poliamor, e assim a infidelidade quase perde importância. Afinal, se o amor é vivido de forma livre e sem compromisso, a infidelidade não existe. No meio destas formas mais aberta de viver as relações ainda persistem umas quantas almas românticas que apostam no casamento. Segundo algumas estatísticas, Portugal é o país europeu onde se realizam mais casamentos. Mas nem sempre as promessas de amor eterno são cumpridas, a azáfama do quotidiano e a chegada dos filhos pode apagar a chama da paixão, dando lugar a uma vida rotineira e desinteressante, ficando aberto o caminho para a traição. Quem numa relação nunca enfrentou o medo da traição? Se as pessoas não são perfeitas, as relações amorosas também não.

 

A traição na primeira pessoa

Sara começou a ser traída pelo marido ao fim de doze anos de casamento. Apercebeu-se de que algo estava diferente, o comportamento do marido mudara. Passava menos tempo em casa e andava muito misterioso “Eu não tinha a certeza ou talvez não quisesse ver o que estava a acontecer, amava tanto o meu marido que me recusava a pensar em traição. Só de pensar na ideia sentia-me humilhada e desonrada, porque dediquei os doze anos a ele e ao nosso filho.” No dia em que decidiu confrontá-lo, ele não negou e aproveitou para pôr um ponto final no casamento. “Fiquei sem chão e sem forças”, Sara sentiu-se perdida, como seria capaz de seguir em frente sem o João? Recomeçar não foi fácil, sentia que tinha falhado, o seu sonho estava destruído. Mas garante que com o apoio dos amigos e da família conseguiu encontrar de novo o seu caminho e atualmente tem um novo namorado, mas desta vez está a viver o amor de uma forma mais serena.

 

Carla também enfrentou a traição “Passei por esta dor recentemente, descobri que o meu marido me andava a trair com uma vizinha. Está a ser horrível porque ele saiu de casa para ir viver com ela. Isto ao fim de 14 anos de casamento, casei com ele tinha apenas 20 anos. Temos uma filha de 15. A minha filha está a sofrer, mas tenta esconder a situação, não quer que eu me aperceba. Tem-me dado imenso apoio.” Tal como Sara, Carla notou que algo de estranho se passava com o marido, andava de mau-humor e irritadiço. Mas no caso de Carla, o marido não esperou pelo confronto “Um dia chegou a casa e disse-me que queria falar comigo. Confessou que não sentia nada por mim, que tinha encontrado outra pessoa por quem se tinha apaixonado. Fez as malas e saiu.” Com os olhos em lágrimas e a voz embargada diz que se sente desorientada, procura viver um dia de cada vez. “Seria capaz de o aceitar novamente, caso ele se arrependesse”, sonha com esse dia.


E quando é a mulher a trair?

Nestes casos a sociedade não é tão condescendente, a mulher que trai o homem ainda é vista como uma mulher fácil. Os homens que passam pela experiência da traição raramente perdoam e são poucos os que aceitam o reatar da relação. Uma mulher trai, geralmente, quando se sente ignorada e desvalorizada pelo marido. Muitas vezes procuram apenas sexo, ainda há muitos homens de mente fechada no que respeita ao sexo com a esposa.

Alexandre perdoou a traição da mulher, aliás para ele foi “um abanão que me acordou para o facto de que o trabalho estava a roubar-me tempo.  Na verdade, eu estava casado com o trabalho. Tinha muitas reuniões, estava sempre 100 por cento disponível para acudir a qualquer problema que surgisse”, é advogado num escritório conceituado. Percebeu que a sua atitude perante o casamento tinha de mudar, a esposa precisava dele, da sua companhia, do seu afeto, afinal casaram porque estavam muito apaixonados e na intimidade nunca houve tabus, sempre em perfeita sintonia. “Perdoei a minha esposa porque a amava muito e caí em mim. Percebi que eu não estava a agir corretamente. Conversámos e chegámos à conclusão que fazia todo o sentido lutar pelo nosso casamento.”

 

Já o caso de Eliseu foi bem diferente. Não conseguiu ultrapassar a traição da mulher “Sei que eu também contribuí para que a situação acontecesse. Nem consigo dizer a palavra. Tinha a minha mulher como certa e como o casamento é para a vida, convenci-me disso, dava-lhe pouca atenção, pouco afeto. Passava horas no café quando saia do trabalho. Quando descobri, ela confessou que tudo não passara de uma aventura, que já tinha sido há algum tempo, mas eu saí de casa. Não consigo aceitar. Tenho vergonha.”

 

Apimente a relação

- O casamento é compatível com uma vida sexual ativa, basta criar as condições para que isso aconteça. Se as tarefas da casa e o cuidado com os filhos forem partilhados, certamente vai haver tempo para sexo de qualidade.
- Sejam criativos. Improvisem, façam coisas diferentes, preparem surpresas um ao outro, um jantar afrodisíaco e romântico, experimentem brinquedos sexuais, vejam filmes picantes.

- Fale abertamente sobre as suas vontades e fantasias. A troca de ideias e a partilha de desejos secretos enriquece o sexo.

- Use e abuse dos preliminares com jogos de sedução, palavras picantes, beijos e carícias. Passar logo à ação torna-se desmotivante e pode ditar o fim do desejo. Desfrutar do contacto físico, sentir o cheiro e o toque da pele aguça a excitação. Descubra as zonas erógenas do seu par e concentre-se nelas. Vai levá-lo aos céus!

 

 

No que respeita à diferenciação ente infidelidade e deslealdade, segundo um estudo, para algumas pessoas a infidelidade prende-se com pensamentos eróticos com outra pessoa que não o cônjuge; ou a consumação de uma relação sexual com alguém por quem, num determinado momento, sentem uma forte atração física. Já a deslealdade é mais difícil de aceitar, ainda segundo o estudo, uma vez que se prende com uma traição de sentimentos, ou seja, quando o companheiro trai fisicamente e se apaixona por outra pessoa.

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