Rituais

O poder mágico do freixo, do vidoeiro e do carvalho

Todas as árvores têm energia. Fonte de oxigénio e de vida, sem elas o planeta morreria. Os primeiros povos que habitaram a Terra, e todas as civilizações antigas que lhes seguiram, séculos depois, tiveram sempre consciência do seu extremo valor e importância, como forma de abrigo e de recolher recursos indispensáveis à vida humana. Foram, e continuam a ser, veneradas por várias civilizações. De todas elas, saiba que há três árvores consideradas especialmente "mágicas" pelos povos antigos, tais como os Celtas, os Gregos e os Romanos.

Uma das árvores que, para os Celtas e os Gregos era é detentora de um grande poder energético é o Freixo que, existindo também em Portugal, tem algumas histórias curiosas a ele associadas, dando nome a várias localidades tais como Freixo-de-Espada-à-Cinta ou Freixial. Reza a lenda que, certo dia, D. Dinis dormiu a sesta à sombra de um frondoso freixo e que foi a árvore que lhe segredou, durante o sonho, como havia de gerir Portugal. Conta-se que essa árvore é aquela que ainda hoje existe junto da Igreja matriz de Freixo-de-Espada-à-Cinta.

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Os Gregos representavam a Árvore da Vida como um freixo, cujas longas raízes se estendiam pela terra, fazendo a conexão entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Era costume as grandes decisões serem tomadas à sombra de um freixo.

Também os povos nórdicos seguiam esta simbologia: diz-se, nas lendas Vikings, que o Yggdrasill, a Árvore do Mundo para os nórdicos, era um freixo. Esta árvore de dimensões estrondosas segurava o mundo e fazia a ligação entre o submundo, as criaturas malignas que habitavam ao nível das suas raízes, e o mundo da superfície. Na parte equivalente ao tronco (chamado Midgard) encontramo-nos nós, homens. Os ramos mais altos definiam Asgard, o reino dos deuses, cheio de castelos, e onde também se encontra o Salão dos Mortos, chamado Valhalla, para onde iam os que morriam em batalha. O Universo em que vivemos existia, pois, à sombra desta árvore grandiosa. Ela auto-regenerava-se; chegando aos céus, fazia com que chovesse hidromel (a bebida dos deuses) que a alimentava e fazia crescer. As runas, método divinatório usado pelos nórdicos, eram feitas com madeira de freixo. Até ao século XIII, era costume os chefes das tribos nórdicas reunirem-se à sombra de um freixo para tomarem decisões importantes.

Para os Celtas, havia cinco árvores mágicas espalhadas no Mundo para proteger a Terra: três freixos, um carvalho e um teixo. Ainda hoje se acredita, na Irlanda, que foi com um bastão de freixo que São Patrício, o padroeiro da Irlanda, expulsou as serpentes deste país.

                                          Veja também: As lendas de São Patrício                                                

O Freixo era, para os Celtas, a Árvore associada à Renovação e à Ressurreição. Está relacionado com o Elemento Ar e com o Elemento Fogo e, por atingir alturas muito elevadas, faz a ponte de ligação entre a Terra e o Céu. Os druidas consideravam esta árvore a fonte da cura e a protetora das crianças. Quando uma criança adoecia, obrigavam-na a passar através de buracos de velhos freixos, para se curar.

Assim, tinham diversas superstições ligadas ao freixo; as varinhas mágicas dos magos eram feitas de freixo. Acreditavam que uma cruz ou uma chave feitas de freixo protegiam contra as más energias, e que colocar algumas folhas de freixo debaixo da almofada ajudava a ter sonhos proféticos. A famosa cruz celta, que se usava para proteger os barcos gauleses e irlandeses, era feita de freixo. 

                           Conheça a personalidade de quem nasceu sob o signo do Freixo

 

O vidoeiro (ou bétula)

Esta é considerada a árvore da limpeza e da purificação. Por esse motivo se diz que as vassouras das bruxas (que se tornaram tão famosas) eram feitas com ramos de vidoeiro e serviam para limpar as más energias sendo usadas na manhã seguinte ao Solstício de Inverno, a noite mais longa do ano. A casca do vidoeiro era usada para proteção espiritual e com a sua seiva era feita uma poção mágica para tratar alguém que estivesse a ser vítima de ataques espirituais. Era com galhos de vidoeiro que se acendiam as fogueiras de Beltane e, por estar associada aos começos, era com a madeira desta árvore que se faziam os berços, protegendo assim as crianças contra as energias negativas. 

                                       Veja também: A noite de Beltane

Por ter um tronco esbranquiçado, o vidoeiro era chamado, metaforicamente, a "Dama branca da floresta".

Os berços eram feitos desta madeira com o propósito de proteger as crianças indefesas de todo e qualquer malefícioou doença. 
Tradicionalmente os galhos de bétula eram usados ​​para acender os fogos Beltane.  
Esta árvore é reconhecida por seu tronco esbranquiçado e muitas vezes associada a grande Deusa Branca. É denominada a 'Dama Branca da Floresta'.
                                Conheça a personalidade de quem nasceu sob o signo do Vidoeiro

 

O carvalho

O carvalho é, sem dúvida, uma das árvores consideradas sagradas pela maior parte das civilizações antigas europeias, destacando-se, de entre elas, os celtas e os vikings. 

Porque demora muito tempo (cerca de 50 anos) a produzir bolotas e chega a viver mais de 1000 anos, o carvalho representava o poder, a sabedoria, a força e a resistência. Alcançava os céus graças à sua altura (chega a 40 metros), resistindo às mais duras intempéries. Atrai os raios das tempestades, mas sobrevive-lhes.

Os Celtas chamavam-lhe "duir", o que significa porta (e de onde vem a palavra inglesa door), pois acreditavam que esta árvore era um portal para o mundo espiritual.
A palavra celta para carvalho era "Duir" que significa "porta". Estudiosos acreditam que, nas religiões dos antigos celtas, a árvore facilitava a passagem para o mundo espiritual através de seus portais. Em inglês, porta é "door", e acredita-se que tenha esta mesma origem. As fogueiras do Solstício de Verão era acendidas com madeira de carvalho; é nesta estação que o carvalho dá flor. Nos bosques de carvalho viviam, acreditava-se, as fadas e os espíritos das florestas.

                                               Veja também: O Solstício de Verão

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