Terapias
Ser mãe ou pai é uma das experiências mais profundas pelas quais o ser humano pode passar, e não é fácil saber desempenhar esse papel, até porque não existem fórmulas certas nem regras que nunca falhem. Dar o seu melhor e agir sempre com base no amor é a melhor maneira de amar um filho. No entanto, há pessoas que estão tão embrenhadas naquilo que têm para resolver consigo próprias que, mesmo quando confrontadas com a paternidade, continuam a não ser capazes de amar - nem mesmo os próprios filhos.Todos os seres humanos precisam de amor e de união emocional com os outros. Quando um progenitor não é capaz de amar os seus filhos - mesmo que aja de forma inconsciente e não tenha noção de que não está a dar o amor de que o filho precisa - essa ausência provoca marcas profundas, que interferem com a capacidade de amar dos próprios filhos, acompanhando-os na vida adulta. Há pessoas que, não obstante serem pais, vivem tão centradas em si próprias que não conseguem estabelecer verdadeiros vínculos emocionais com os outros, nem mesmo com os próprios filhos, provocando neles sentimentos de negligência emocional. À partida, os pais procuram sempre amar os seus filhos, mas nem sempre sabem fazê-lo, e quando não têm consciência de que não estão a dar amor as consequências são ainda mais graves, porque a criança continua persistentemente a investir num amor do qual não recebe retorno, podendo, na idade adulta, manifestar comportamentos afetivos que remontam a essa idade na qual a carência afetiva foi sentida de uma forma mais proeminente. Esta espécie de limbo emocional no qual a criança se desenvolve - no qual dá amor mas não o recebe - pode manifestar-se, na vida adulta, na incapacidade de criar um relacionamento saudável, na propensão para atrair parceiros que, de igual forma, não são capazes de amá-la ou mesmo no refúgio em substâncias aditivas. De uma forma muito generalizada, os pais que manifestam pelo menos um destes seis traços de personalidade têm dificuldade em saber dar aos seus filhos o amor de que eles precisam:1 - Pais autoritáriosEstes são os progenitores que apenas querem que os filhos vivam de acordo com as suas regras, sem lhes permitirem expressar os seus sentimentos, porque eles próprios têm vergonha dos seus sentimentos e habituaram-se a reprimi-los. Porque viveram como escravos das normas sociais ou das regras impostas por outros, não permitem que os filhos vivam de forma livre, porque têm necessidade de sentir poder e, já que se subjugaram a outros, a única forma que encontram de sentir domínio é exercê-lo sobre os seus próprios filhos. Geralmente, os pais autoritários criam filhos que ou são muito rebeldes ou excessivamente submissos, porque crescem sem saber usar a sua liberdade individual dentro dos limites da sociedade. 2 - Pais muito permissivosNeste caso, os pais não interferem de forma alguma com as decisões dos filhos, não questionam as suas escolhas, vontades, necessidades ou interesses, não os incentivando a encontrar um propósito para a sua vida nem sabendo definir fronteiras. Estes pais são pessoas que têm medo de assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento dos seus filhos, receiam criar conflitos e afastam-se dos confrontos, demitindo-se, dessa forma, do seu papel de educadores. A falta de disciplina origina adultos que não aceitam ser contrariados, tendo dificuldade em obedecer a normas, já que nunca tiveram de o fazer, e que frequentemente sentem um vazio emocional, porque lhes faltaram modelos de conduta, que lhes permitissem compreender o que deviam fazer ou como deviam agir. 3 - Pais egocêntricosNeste caso, a experiência de paternidade não fez com que as necessidades destas pessoas deixassem de estar centradas nelas próprias, preocupando-se mais com as suas vontades do que com as dos filhos. Estes são os pais que se irritam se o comportamento dos filhos compromete a imagem de si próprios que gostam de passar aos outros, que não sabem amar os filhos como são nem sentir, quanto mais mostrar, empatia por eles. Os pais egocêntricos são pessoas que procuram incessantemente a aprovação dos outros porque não a têm em relação a si mesmos, e por isso todas as relações que estabelecem são escolhidas em função da forma como contribuem para a sua imagem. Procuram que os filhos cumpram as expetativas que tinham para si próprios e que não foram capazes de alcançar, sendo demasiado exigentes e falhando na capacidade de os compreender. Estes pais tendem a criar crianças que se distanciam das suas emoções porque têm dificuldade em reconhecer as suas necessidades e em sentir que merecem que estas sejam satisfeitas. Como não foram aceites pelos seus pais, estas crianças tornam-se adultos que não sabem aceitar-se a si próprios como são. 4 - Pais perfecionistasEstes pais não aceitam falhas, esperando sempre que os filhos sejam perfeitos, e mostram-se descontentes quando eles não atingem os lugares de topo na escola, no desporto, e até nas brincadeiras com os amigos. Dentro de um perfecionista há o sentimento de nunca ser suficientemente bom. Os pais perfecionistas não aceitam as suas próprias falhas nem toleram as dos outros, projetando nos filhos o seu desejo de perfeição. Desejam mostrar os filhos como uma obra perfeita, falhando em aceitá-los como seres humanos felizes - e imperfeitos. Os pais perfecionistas criam crianças perfecionistas, que definem expetativas irrealistas e sentem ansiedade perante a ideia de nãos erem suficientemente boas. Mais tarde, são adultos que vivem ansiosos e tendem a agradar excessivamente aos outros, tendo dificuldade em lidar de forma saudável com as críticas e em ter relacionamentos íntimos, porque sentem que não são suficientemente bons. 5 - Pais ausentesPor morte, divórcio, motivos profissionais ou outros, estes pais não estiveram presentes na vida dos seus filhos e, excetuando-se como obviamente os dois primeiros casos, são muitas vezes pessoas que têm prioridades mais importantes para elas do que criarem os seus filhos. Nessas situações, são pais que tanto podem estar fisicamente distantes como, mesmo que estejam perto dos seus filhos, mantêm uma distância mental ou emocional porque estão sempre mais centrados nas suas prioridades e interesses. Estes pais tendem a criar filhos com um elevado sentido de responsabilidade, que na idade adulta se deixam sobrecarregar pelas preocupações da vida, porque cresceram cedo demais e não tiveram tempo nem oportunidade para se divertir nem para crescer. Estes são os adultos que têm dificuldade em encontrar a sua criança interior. Têm dificuldade em ter fé ou entusiasmo pela vida, porque tudo se mostra um fardo para eles. 6 - Pais controladores Estes são os pais que se consideram indispensáveis para que os filhos consigam fazer seja o que for, controlando tudo o que eles fazem, sem lhes permitirem tomar decisões, porque na verdade não acreditam sequer na sua própria autonomia. As pessoas controladoras não acreditam em si mesmas nem em ninguém que esteja à sua responsabilidade - porque não confiam em si, confiam ainda menos na sua família, e por isso crêem que ninguém é capaz de viver a sua vida se eles não interferirem. Sentir que os outros dependem deles faz com que se sintam importantes e necessários. Estes pais criam filhos que não têm amor-próprio, tendo propensão à solidão e até à depressão. Porque lhes falta auto-confiança, não têm fé nas suas capacidades.
Como pode curar o seu coração se não recebeu o amor de que precisava?A falta de amor sentida na idade adulta resulta sempre do facto de procurar de volta o amor que a criança investiu, e do qual não teve retorno. Assim, a forma de sarar esta ferida consiste em deixar de procurar este amor que não foi retribuído, perdoando, e preenchendo esse vazio com amor-próprio. O vazio permanece porque continua à espera que o amor que investiu na mãe ou no pai, ou em ambos, volte. Esse vazio é apenas uma ilusão, um espectro que a pessoa inconscientemente cria para não ter de lidar com o processo de deixar ir. Ao tomar consciência que todo o amor que deu VEIO DE SI, e foi dado por si de forma incondicional, compreenderá que não precisa de esperar retorno: a fonte desse amor está dentro de si, pode dá-lo a si mesmo tal como deu (e, provavelmente, continua a dar) aos outros. 4 passos que o ajudam a amar-se a si próprio:1 - Aproxime-se dos seus sentimentos. Quando uma emoção aflora, compreenda se é positiva ou negativa, aperceba-se dela sentindo a sua presença, simplesmente. 2 - Reconheça que tem necessidades que precisam de ser satisfeitas, mesmo que sinta que não merece que isso aconteça. Identifique essas necessidades e dê pequenos passos no sentido de satisfazê-las. 3 - Identifique qualquer crença antiga negativa que ainda paira na sua mente. Se, por exemplo, sente que não merece ser amado, reconheça que essa é apenas uma crença e não um facto concreto. 4 - Dê a si mesmo o cuidado que merece. Trate-se como uma criança que precisa de ternura, compaixão, gentileza, e evite ser demasiado crítico em relação a si próprio. Seja paciente consigo. Como qualquer outra ferida, as feridas emocionais levam tempo a cicatrizar, e a cura é o único caminho para que possa libertar-se da realidade emocional em que esteve preso por demasiado tempo. Veja também:
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