Astrologia

Vénus retrógrado pode trazer (ainda mais) instabilidade ao seu coração

Vénus, o planeta conhecido por reger o amor e a afetividade, fica retrógrado a cada 18 meses, aproximadamente. Sendo o planeta que se segue à Terra no sistema solar, a sua órbita em torno do Sol não é muito maior do que a nossa e, por isso, não fica retrógrado tantas vezes como outros planetas. Esta é, contudo, a primeira vez que Vénus fica retrógrado enquanto o Mundo se debate com uma pandemia e vive com normas restritivas de contacto social. Que impacto terá esta influência na nossa (já tão delicada) estabilidade emocional num contexto de confinamento?

Vénus era a deusa romana do amor e por esse motivo deu nome ao planeta que, segundo os primeiros astrólogos, se percebeu ter um impacto mais direto sobre tudo o que diz respeito às questões afetivas da vida humana. A posição de Vénus num Mapa Astral demonstra de que forma a pessoa lida com os afetos e com a sua relação com os outros, quais são as suas expetativas em relação ao amor, a sua postura em matéria de relacionamentos e de que forma expressa a sua emotividade. Enquanto que a Lua expressa a maneira como lidamos com as nossas emoções, Vénus representa a maneira como as expressamos e, sobretudo, como as vivemos no contacto com os outros.

De cada vez que Vénus fica retrógrado (isto é, de cada vez que a Terra "a ultrapassa" na sua trajetória, ficando nós a ver Vénus como se este planeta estivesse a andar para trás), as questões afetivas sofrem um certo turbilhão. Vénus retrógrado é famoso por trazer de volta amores que ficaram por resolver, emoções que estavam guardadas no fundo da alma, anseios que não tínhamos consciência que tínhamos.

Neste ano, dado o contexto tão peculiar em que nos encontramos, estamos todos a lidar (uns mais do que outros, em virtude das circunstâncias específicas da vida de cada pessoa) com as emoções de uma maneira mais próxima, na medida em que estamos mais circunscritos ao espaço de nossas casas, do trabalho e das tarefas que temos de fazer no exterior. O facto de não podermos socializar ou passear com o mesmo à vontade com que as nossas gerações sempre o puderam fazer faz com que, naturalmente, tenhamos de enfrentar diariamente o encontro connosco mesmos e as questões que se levantam todos os dias na partilha do mesmo espaço com as pessoas que vivem connosco. Portanto, encontramo-nos num equilíbrio mais instável, na maior parte dos casos, mas que é também propício a que compreendamos melhor quem somos e de que precisamos. Vénus retrógrado vem, pois, ajudar-nos nesse sentido.

Em 2020, Vénus estará retrógrado entre os dias 13 de Maio e 25 de Junho, num momento em que também os dois grandes protagonistas do ano astrológico - Plutão e Saturno - estão já retrógrados. Júpiter, que também está em destaque, ficará retrógrado também ainda este mês. O que podemos, então, esperar deste conjunto?

Vénus retrógrado representa uma espécie de renascimento emocional. Enquanto este trânsito dura, temos a oportunidade de curar velhas mágoas e feridas antigas. Somos, também, convidados a apreciar sem pressas a beleza que existe à nossa volta - Vénus é, também, o planeta da beleza. Para que essa cura possa ser feita, é provável que aquilo que precisa de ser superado reapareça, o que faz com que voltem ao de cima dores que estavam esquecidas. Onde houver falhas na nossa relação com os outros, elas terão de ser corrigidas. À semelhança do Kintsugi, a arte japonesa que consiste em usar ouro para dar beleza a porcelanas partidas, Vénus retógrado vem puxar por nós para que saibamos criar beleza a partir das nossas falhas, reparando o que está estragado e construindo, sem negar essas falhas, algo melhor, mais sólido, mais bonito.

Kintsugi: a arte japonesa de consertar as falhas da porcelana usando uma liga feita à base de ouro, para dar uma nova forma artística a um objeto que ficara inutilizado.

Vénus encontra-se em Gémeos e, ficando retrógrado a 13 de Maio, faz-nos questionar os assuntos do coração. A energia de Gémeos, que é mais mental do que emocional, ajuda-nos a indagar, a remexer nas motivações mais profundas e nas bases em que assentam os nossos sentimentos, ajudando-nos a compreender melhor por que motivo reagimos de determinada maneira a um certo estímulo. Uma vez que a influência deste planeta é geralmente apaziguadora (e Gémeos é um signo que, de um modo geral, nunca quer conflitos), teremos maior facilidade em aceitar, perdoar, e seremos até mais condescendentes connosco mesmos.

Ativando o nosso chakra cardíaco, a nossa base emocional, Vénus retrógrado em Gémeos ajuda-nos a entrar em contacto com a nossa voz interior, fazendo-nos agir de acordo com aquilo que de facto sentimos e com o que realmente queremos.

Quando Vénus está retrógrado é sempre mais difícil tomar decisões difíceis em assuntos do coração.

Este é um período favorável para refletir, analisar, compreender e, sobretudo, ouvir o coração, mas não é uma boa altura para tomar decisões precipitadas - até porque se sentirá indeciso e por isso terá maior dificuldade em fazê-lo.

É, sim, uma fase privilegiada para termos acesso a informações, a revelações e a epifanias, que nos ajudarão, mais tarde, a agir com certeza e com firmeza.

Sob a influência de Vénus retrógrado em Gémeos, é possível que nos deparemos com assuntos que foram importantes na nossa vida entre Março e Julho de 2012, já que este foi o período em que Vénus esteve retrógrado em Gémeos pela última vez, e assuntos que nos marcaram entre Outubro e Novembro de 2018, porque esta foi a última vez que Vénus esteve retrógrado.

No dia 3 de Junho de 2020, Vénus formará uma conjunção ao Sol, o que é chamado o renascer de Vénus. a partir deste ponto, embora continue retrógrado até ao dia 25, Vénus ajudar-nos-á a alcançar uma maior clareza emocional, fazendo-nos chegar a conclusões importantes. Até lá, estaremos a fazer um processo de análise e introspeção e, nessa altura, são mais prováveis as revelações inesperadas e as epifanias.

Embora este seja um momento muito importante de esclarecimento pessoal, que porá em movimento situações e que facilitará a expressão afetiva, convém não esquecer que teremos, nessa altura, mais cinco planetas retrógrados, o que terá também um forte impacto na energia dominante.

Mercúrio, Júpiter, Saturno, Neptuno e Plutão estarão também então retrógrados, o que se manifesta numa forte tendência ao abrandamento de situações e à reflexão. Não conte com grandes mudanças nesse período. E, se está a pensar divorciar-se, evite fazê-lo (a não ser que esteja seguro e que seja de facto o melhor a fazer, obviamente). Se está à espera de encontrar um novo amor, seja paciente, porque até pode conhecê-lo nesta altura, mas conte com desenvolvimentos lentos.

De um modo geral, a tendência geral será para que nos sintamos confusos, perdidos, um tanto à toa em relação ao que devemos fazer, ao que o nosso coração realmente quer. Este é um período de estudo, assim como acontece com os alunos que se preparam para os exames.

Vénus formará, também, aspetos importantes com Neptuno, o planeta da imaginação, do sonho e da ilusão. Já se está mesmo a ver o que vai acontecer, não está? Dificuldade em compreender os próprios sentimentos e em tomar decisões, sim, mas, por outro lado, essa é também a condição que nos permite chegar mesmo ao fundo do que sentimos, compreendendo os nossos sentimentos a um nível muito mais profundo, muito mais completo.

A influência de Neptuno pode trazer-nos inspiração artística (sendo um período favorável à expressão) e, também, irá ajudar-nos a abrir o coração. Teremos de ter cuidado, ainda assim, pois também será mais difícil definir limites na nossa relação com os outros.

Os dias 3 e 20 de Maio e 27 de Julho são datas-chave nesse sentido, pois são os dias em que Vénus forma aspetos exatos com Neptuno. Preste atenção às emoções que sentiu e irá sentir nesses dias. Pode ser catártico escrever sobre aquilo que sente, ou canalizar os seus sentimentos de alguma forma que faça sentido para si.

A melhor forma de lidar com esta energia é comunicar abertamente com os outros sobre aquilo que sente e, especialmente, comunicar consigo mesmo, aprendendo a ouvir a sua voz interior e a dar voz ao seu coração. Gémeos é o signo da comunicação e, enquanto Vénus se encontra a transitar por ele, somos ajudados a fazê-lo. Aprender a comunicar melhor com os outros passa por aprender a prestar atenção à linguagem corporal, assim como comunicar connosco próprios inclui saber ouvir o nosso corpo e saber estar atento às mensagens que o Universo a todo o momento nos envia.

Ponha a mão direita sobre o seu coração e sinta o batimento cardíaco. Pergunte-lhe: "De que precisas neste momento?" A primeira resposta que vier à sua cabeça é uma pista - siga-a. Da mesma maneira, quando estiver a discutir com o seu parceiro, com os seus filhos ou com alguém próximo, interrompa a discussão e pergunte, com generosidade: "De que precisas neste momento?" Faça também esta pergunta a si próprio neste contexto. As respostas a estas perguntas ajudam-no a compreender o que é, realmente, comunicar. Saber ouvir, saber falar.

Uma boa comunciação é essencial para um bom relacionamento - e Vénus retrógrado em Gémeos vem ensinar-nos a alcançá-la.

Se gosta de escrever, uma das melhores formas de aproveitar a energia deste período consiste em escrever um diário ou em criar o hábito de tomar nota sobre o que sente, pois essa prática irá ajudá-lo a compreender-se melhor e a chegar a conclusões importantes.

Por outro lado, e devido à influência de Neptuno, preste também especial atenção aos seus sonhos, pois eles podem ser mais intensos nesta fase, trazendo-lhe respostas ou revelações.

Vénus retrógrado em Gémeos - um signo que é, por natureza, bastante nervoso, pode trazer maior instabilidade às nossas emoções mas traz-nos também, seguramente, as ferramentas de que precisamos para aprender a comunicar melhor, não só com aqueles que nos são próximos, mas com todos os outros. Num momento em que temos de estar mais afastados dos outros, Vénus retrógrado ajuda-nos não só a compreender e a reconhecer melhor a importância que cada pessoa tem na nossa vida, como também nos desafia a aprimorar a nossa forma de comunicar, ajudando-nos a encontrar outras formas de proximidade.

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